sexta-feira, 22 de março de 2013

Movimento AMA:  DESPERDÍCIO E FALTA DE CUIDADO COM A ÀGUA, AMEAÇA...

Movimento AMA:  DESPERDÍCIO E FALTA DE CUIDADO COM A ÀGUA, AMEAÇA...:  DESPERDÍCIO E FALTA DE CUIDADO COM A ÀGUA, AMEAÇAM A VIDA No dia mundial de preservação da água, as notícias não são boas. Desperdíci...

ÁGUA: FARTURA E FALTA


 DESPERDÍCIO E FALTA DE CUIDADO COM A ÀGUA, AMEAÇAM A VIDA

Por : Liliana Peixinho
        Jornalista ativista 

No dia mundial de preservação da água, as notícias não são boas. Desperdício, falta de cuidado, dificuldade no acesso, desigualdade na garantia, qualidade duvidosa, altos custos no tratamento, escolhas de investimentos em alternativas sujas, ineficientes, são alguns dos problemas históricos, principalmente em comunidades pobres, Nordeste/Sertão adentro, Brasil afora!

Veja a série especial SECA SERTÃO ADENTRO, a matéria ' HARMONIA NA ROÇA  ALTO DO CEU", publicada na Agência de Notícias Ciência e Cultura,  com exemplo de cuidado em ambiente de desafio de vida. http://www.cienciaecultura.ufba.br/agenciadenoticias/noticias/destaques/harmonia-na-casa-do-alto-do-ceu/


Eles moram no alto do Bebedouro, numa casa de varandas, onde o vento assobia forte e refresca o calor do sol quente do dia pra embalar os sonhos de noites em estrelas de janelas abertas. O terreno é fértil, a cultura é farta, a coragem e fé são de sobra e a harmonia e o amor integram a paisagem, logo na chegada, com os latidos da cadela Veluda, e a abertura da porteira por uma criança encantadora, que tudo observa e pouco fala, pra fazer muito.
Se na Terra tem um paraíso, esse lugar pode ser a casa dessa família linda que fui visitar por uns 20 minutos e tive a sorte de voltar e aceitar o convite para comer uma buchada de bode. Desculpa pouca para tanto aprendizado durante os quatro dias de espera da troca da peça do carro. Convivência das mais harmoniosas nos meus 52 anos de vida.
Todos acordam muito cedo, inclusive Dudu. Ele é dessas crianças abençoadas, nas quais a coragem chega e não sai jamais. Ele encanta, naturalmente, pelos gestos nobres e corajosos, integrados com o ritmo da natureza. Ora célere como um redemoinho, ora suave como o cair de uma folha ao chão – e redemoinhos e folhas ao chão Dudu observa sempre na roça.
ESPECIAL ÁGUA E VIDA : FARTURA E FALTA
Amor e a árvore: fonte de chuva, garantia de vida
  Rio Capivara - Arembepe - Litoral Norte - Bahia

Margem do Rio Grande, braço do Velho Chico, em Barreiras- Bahia.




Malibus - Santuário Doce - Chapada Diamantina



                                           Hábito sujo, na beira da praia - Ilha de Itaparica



                                           Poço do Ferro Doido - Morro do Chapéu - Bahia

                                         
                                     
                                       Cisterna no morro: o povo na luta da garantia da vida
                                       
                                         Cabaça d'agua: na roça, aliviando a sede



Cai um chuvinha, e vida brota, em flor



                             O tanque, com calhas em volta da casa, para aproveitar água da chuva



Nascente preservada - Território Tupinambá Serra do Padeiro - Buerarema - Sul da Bahia



                                       
Ciência e Cultura - Agência de notícias da Bahia
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atualizado em 19 de abril de 2013 ás 18:17

Harmonia na roça Alto do Céu

"Eles sabem o valor da água e se preparam para garantir a vida, em todos os seus ciclos". Essa e uma das conclusões a que chega a jornalista Liliana Peixinho sobre o povo sertanejo, em seu sexto relato de viagem.
LILIANA PEIXINHO*
lilianapeixinho@gmail.com
Eles moram no alto do Bebedouro, numa casa de varandas, onde o vento assobia forte e refresca o calor do sol quente do dia pra embalar os sonhos de noites em estrelas de janelas abertas. O terreno é fértil, a cultura é farta, a coragem e fé são de sobra e a harmonia e o amor integram a paisagem, logo na chegada, com os latidos da cadela Veluda, e a abertura da porteira por uma criança encantadora, que tudo observa e pouco fala, pra fazer muito.
Se na Terra tem um paraíso, esse lugar pode ser a casa dessa família linda que fui visitar por uns 20 minutos e tive a sorte de voltar e aceitar o convite para comer uma buchada de bode. Desculpa pouca para tanto aprendizado durante os quatro dias de espera da troca da peça do carro. Convivência das mais harmoniosas nos meus 52 anos de vida.
Todos acordam muito cedo, inclusive Dudu. Ele é dessas crianças abençoadas, nas quais a coragem chega e não sai jamais. Ele encanta, naturalmente, pelos gestos nobres e corajosos, integrados com o ritmo da natureza. Ora célere como um redemoinho, ora suave como o cair de uma folha ao chão – e redemoinhos e folhas ao chão Dudu observa sempre na roça.
Na roça Alto do Céu Dudu abre a porteira para as visitas. Foto: Liliana Peixinho
Na roça Alto do Céu Dudu abre a porteira para as visitas. Foto: Liliana Peixinho
Quando levantam da cama, a sintonia para o trabalho era imediata, de forma natural e silenciosa.  Dedé vai pra dentro da mata virgem, ainda intacta, graças a eles, levar as cabras para comer. E lá, entre uma caça de nambú e outra, Dedé se perde no tempo. Olha para o céu e vê o Sol sob a cabeça e lembra que é hora de voltar pra casa, para almoçar. Como Dedé, todas as pessoas da casa têm o mesmo ritmo com os afazeres. A mulher, Silvia, planta, rega, colhe e cozinha; a nora, Vanilda, limpa, lava, arruma e perfuma; o filho, Braz, viaja, COMPRA, vende conserta e constrói; o netinho, Dudu, faz um pouco de tudo, ao lado de cada um, semeando amor, união. Exemplo de coragem, desenha o futuro em pílulas diárias de ação do bem.
A casa é ampla, bem dividida, arejada e limpa – impecavelmente limpa. As panelas brilham, o banheiro cheira, a varanda convida para a conversa e a noite embala o sono, ao som de ventos e cores vivas de um céu iluminado por lua e estrelas que brilham em harmonia.
Tudo tem o tempo e sintonia certa na casa de Dudu. A cadela, Veluda, é tão educada que na experiência de ver e ajudar a fazer a buchada de bode ela fica ao lado das pessoas que estão tratando as carnes, quietinha, com a cabeça encostada na laje e o corpo espreguiçado, porque sabe ser longa a espera para GANHAR a sua parte das poucas sobras das carnes. O aproveitamento do bode é total, mas Veluda é amiga, corajosa, vigilante e protetora, e por isso tem o direito de comer do que comemos.
Família de Bebedouro se reune na cozinha da casa. Foto: Liliana Peixinho.
Família de Bebedouro se reúne na cozinha da casa. Foto: Liliana Peixinho.
A melancia é pequenina, comprida, mas suculenta. É tão deliciosa que dá vontade de comer até a casca, bem fininha e limpinha, sem nenhum veneno, bem diferente daquelas que estamos acostumados a COMPRAR nos SUPERMERCADOS. Os umbus sim, esses são enormes, suculentos e doces. Cresceram no ritmo do tempo, da terra, ora seca, ora molhada. Mas sempre generosa com o fruto.
Os ovos das galinhas de quintal têm gemas douradas, quase avermelhadas de tanta proteína natural. Na cozinha de Sil, o fogão fica ao lado da pia, que fica próximo a janela, onde resíduos de alimentos orgânicos como chuchu, abóbora, melancia, tomate, talos de coentro, cascas de alho e cebola são jogados pela janela e alimenta as galinhas. As cabras e porcos, de plantão, participam do mesmo ritual.
A harmonia é assim, perfeita. E nesse ritmo não existem sobras que formem lixo. Quando se resolve, como eu, fazer uma festa de aniversário, evento raro numa casa onde o orçamento tem destino certo em prioridades importantes para garantir a saúde, vá lá que se permita comprar um refrigerante para festejar e brindar a vida. Aí a embalagem já tem reuso garantido, seja para guardar água – ouro líquido do Sertão – ou mesmo para guardar grãos, como feijão. Nada se perde nessa roça. O pouco lá é muito, porque espaço para sentar, andar, correr e transitar é muito mais importante que ocupar com coisas sem valor de harmonia local.
Na roça Alto do Céu, a família de Silvia e Dudu cuidam da água. Foto: Liliana Peixinho.
Na roça Alto do Céu, a família de Silvia e Dudu cuidam da água. Foto: Liliana Peixinho.
Mesmo numa seca que dura mais de 14 meses, na roça do alto do céu, como estou chamando esse paraíso de lar, tem tudo plantado, regado duas vezes ao dia, com um regador de mão de 3 litros. Eu ajudei a molhar uma horta com melancia, maxixe, abóbora, coentro, cebolinha, alface, tomate. Claro que isso acaba morrendo, porque a chuva demora e não tem água permanente. Mas é só a chuva cair, mesmo que em pouco tempo. Mas só se for forte, como a última que caiu em novembro de 2012, por menos de 20 minutos, e provocou enchentes e levou cabeceiras de rio abaixo com dezenas de cabeça de gado.
Lá em cima, essa água da chuva ficou na roça, em muitos tanques naturais que foram construídos em sistemas de captação de chuvas pelo telhado, que vai direto pra cisterna. Eles sabem o valor da água e se preparam para garantir a vida, em todos os seus ciclos. Por isso, Sil e toda a sua família pode garantir um verde quase milagroso numa paisagem árida, ao longe, com pastagens ao fundo, aqui e acolá, ameaçando uma mata rica em ouricuri, juá, arueira, baraúna, umburana, pau de rato, umbuzeiro, calumbi, quebra-facão, incó, macambira, malva, capimacu, xique-xique, mandacaru e uma biodiversidade inteira, integrada a essa mata catingueira.
+SECA: SERTÃO ADENTRO
* Liliana Peixinho é jornalista, especialista em  Jornalismo Científico e Tecnológico, com atuação em Mídia, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Ativista socioambiental, fundadora dos Movimentos Amigos do Meio Ambiente (AMA) e Rede de Articulação e Mobilização Ambiental (RAMA).


ÁGUA E AMEAÇAS À VIDA

 DESPERDÍCIO E FALTA DE CUIDADO COM A ÀGUA, AMEAÇAM A VIDA

No dia mundial de preservação da água, as notícias não são boas. Desperdício, falta de cuidado, dificuldade no acesso, desigualdade na garantia, qualidade duvidosa, são alguns dos problemas históricos, principalmente em comunidades pobres, Nordeste/Sertão adentro. 
Veja a série especial SECA SERTÃO ADENTRO, publicada no Mercado Etico.


http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/seca-fome-fe-e-resistencia-pra-viver/

28/02/2013 18:16:25

Seca, fome, fé e resistência

Liliana Peixinho, especial para o Mercado Ético

Rosa Maria consegue até R$ 10 por dia com a venda de umbus / Fotos: Liliana Peixinho
Produtos como umbu, mel, castanha, manga, jaca, aipim, mamão, pinha e coco ajudam famílias a enfrentarem o desafio da falta de renda fixa. As lavouras de feijão, mandioca e milho, agricultura básica dos sertanejos, viraram palhas há tempos. As cabras disputam restos de pasto e um ou outro arbusto de jitirana, planta típica e resistente do sertão. Sem emprego e sem comida, alguns se sustentam na política de benefícios do governo, formando um ciclo perverso de conformidade. E quem não tem acesso a eles, vai para as estradas driblar os carros para abordar motoristas, na tentativa de conseguir algum dinheiro.
No caminho para Cansanção, vejo uma menina na beira da estrada, do outro lado da pista. Fiz a manobra em uma faixa estreita do asfalto, parei o carro e fui conversar com ela. Rosa Maria, 14 anos, fica na pista o dia inteiro com um balde de umbu. A garota vende o litro da fruta por R$ 0,60. No final do dia, com muita sorte, Rosa diz que pode fazer entre R$ 7 e R$ 10. O dinheiro vai para os pais comprarem comida para seus seis irmãos pequenos.
Via crucis em busca de água

Anísio em busca de água para seu gado
Encontrei seu Anísio Ferreira Costa, 58, na beira da estrada, perto do Povoado de Coité, distrito de Tucano, tocando o gado debaixo de um sol de rachar. Parei o carro no acostamento e dei boa tarde. Ele respondeu de pronto: “Boa”. Perguntei se o gado já tinha bebido água. “Estou voltando agora de um pocinho que descobri lá na frente”, explicou. Aquele senhor havia saído bem cedo, com o sol nascendo, de um lugar chamado Cajueiro, perto de Coité, tendo andado uma légua (seis quilômetros) procurando por água, assim como faz todos os dias.
Desde o início de 2012, a roça de seu Anísio não tem água. As poucas chuvas que caíram, segundo ele, não foram suficientes para encher os tanques cavados no próprio solo. Mesmo assim, homem guerreiro que é, demonstra que não lhe falta coragem. Crê na labuta como forma de enfrentamento aos desafios da seca. Ele aprendeu com a vida que não tem porque desistir. E assim, não existe cansaço que o impeça de andar tanto quanto seja necessário para procurar água para as poucas cabeças de gado que restaram de sua pequena criação.
Seu Arnou e a grande família
Seu Arnou é desses velhos bonitos, homem forte, coração gigante, mente criativa e alma nobre. Seus olhos azuis, bem abertos, e pele queimada de sol, demonstram o quanto está ligado na vida e seus desafios. Trabalhou sempre na roça e, quando teve a chance, deixou de cuidar das terras dos outros e comprou um pedaço de chão para recomeçar tudo.

Arnou mostra o estrago que a seca fez em suas terras
Ali, plantou feijão, milho e mandioca. Quase tudo ia para o sustento da família. O que sobrava, sua mulher, dona Lídia, vendia na feira de Senhor de Bonfim. O dinheirinho conquistado servia para comprar o que não há na roça: açúcar, arroz, café, margarina, pão. Fez uma casinha com fogão a lenha, um galinheiro e um cercado para umas poucas cabeças de cabras e bodes. Quem sabe cuidar e tem família unida e corajosa para trabalhar, observa logo os resultados. E foi cuidando de filhote em filhote, de pé em pé de milho, que um dia ele viu uma dúzia de cabeças de caprinos chegar a quase 100 e uns pezinhos de milho virarem um milharal.
Seu Arnou espera e respeita o tempo em seus ciclos de vida. Nunca comprou uma galinha de granja. De vez em quando mata um franguinho ou um bode para alimentar a família. Tudo na quantidade certa, sem exageros ou desperdícios nos pratos.
Mas nessa seca, ele teve que vender todas as suas cabras e bodes. Não aguentava mais ver os bichos morrerem de sede e fome, sem água e sem comida. Foi uma tristeza ouvir seu relato, mas sem se queixar, acredita que em breve vai recomeçar uma vez mais, como sempre foi sua vida.
A casa de Dudu, Dedé, Van, Braz e Sil

De sorriso largo, no centro da foto, a repórter Liliana peixinho se acolhe no calor da família de Dedé (com o menino de camiseta vermelha) e Sil (à direita da foto)
Eles moram no alto do Bebedouro, numa casa de varandas, onde o vento assovia forte e refresca o calor do sol quente do dia pra embalar os sonhos de noites em estrelas de janelas abertas. O terreno é fértil, a cultura é farta, a coragem e a fé são de sobra. A harmonia e o amor integram a paisagem, logo na chegada, com os latidos da cadela veludo e a abertura da porteira por uma criança encantadora, que tudo observa e pouco fala. Se na Terra tem um paraíso, esse lugar pode ser a casa dessa família linda.
Todos acordam muito cedo. Quando levantam da cama, a sintonia para o trabalho é imediata, natural e silenciosa. Dedé, o chefe da casa, vai com as cabras para dentro da mata virgem, que graças a essa família ainda se encontra preservada. Lá, entre uma caça de nambú e outra, Dedé se perde no tempo. Olha pro céu, vê o sol sob a cabeça e lembra que é hora do almoço. Como ele, todas as pessoas da casa tem o mesmo ritmo com os afazeres: a mulher, Silvia, planta, rega, colhe e cozinha; a nora, Vanilda, limpa, lava, arruma e perfuma; o filho, Braz, viaja, compra, vende, conserta e constrói; o netinho, Dudu, faz um pouco de tudo, semeando amor, união e exemplo de coragem, desenhando o futuro em pílulas diárias de ação do bem.
A casa é ampla, bem dividida, arejada e limpa, impecavelmente limpa. As panelas brilham, o banheiro é perfumado e a varanda convida para uma boa conversa. Tudo tem o tempo e sintonia certa na casa de Dudu. Até a cadela Veluda é tão educada que, na experiência de ver fazer a buchada de bode, fica ao lado das pessoas que estão tratando as carnes, quietinha, com a cabeça encostada na laje e o corpo espreguiçado. Ela sabe que a espera será longa para ganhar a sua parte das poucas sobras dos pratos.
Mesmo numa seca que dura mais de 14 meses na roça do alto do céu, como chamo esse paraíso, ali tem de tudo plantado. A horta recebe água duas vezes ao dia, com um regador de mão de 3 litros.
Lá em cima, essa água da chuva fica armazenada em cisternas. Eles sabem o valor desse recurso e se preparam para garantir a vida, em todos os seus ciclos. Por isso Sil e toda sua família pode garantir um verde quase milagroso numa paisagem árida, ao longe, com pastagens ao fundo, aqui e acolá, ameaçando uma mata rica em ouricuri, juá, arueira, baraúna, umburana, pau derato, umbuzeiro, calumbi, quebrafacão, incó, macambira, malva, capimacu, xiquexique, mandacaru e uma biodiversidade inteira, integrada a essa mata catingueira.
Leia também:
(Mercado Ético)

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COMENTÁRIOS

Elizabeth Oliveira28/02/2013 às 20:33
Estou acompanhando atentamente a publicação diária das matérias e encantada com a riqueza dos relatos. Nossa mídia que há tempos reduz os espaços de difusão de reportagens assim, com esse viés humano, deixou carentes leitores apaixonados por uma boa história e um belo texto. Parabéns à repórter pela capacidade e criatividade narrativa e pelo Mercado Ético por abrir espaço para uma produção de excelente qualidade.
José Carlos Costa1/03/2013 às 10:59
Ver a situação dessa gente guerreira que é parte do nosso povo e assistir o que fazem e como fazem os nossos representantes no Congresso Nacional, principalmente os nordestinos, que cinicamente ficam de costas para o que se passa com essa gente. Não sei como o STE fica indiferente as mentiras apregoadas pelos partidos políticos e seus afiliados com a intenção de obter votos…. Deveria haver uma lei que obrigasse os politicos a cumprirem com suas promessas e gerir os bens públicos com capacidade e honestidade, sob a pena de perda de mandato ou cassação da legenda!!!
Com a palavra a presidente do STE (Supremos Tribunal Eleitoral).
wilson m. peixinho2/03/2013 às 17:05
é muito triste ver e viver essa situação,pq. eu vivo nessa região e como dizia meu pai desde que o mundo é mundo
o nordeste é e sempre será seco com poucas chuvas pois é´uma região semi-áreda e hoje com maior agravante pq. os proprios moradores devastaram toda a natureza, com a gula
de plantar e criar gado caprinos e ovinos, depois a grande seca vem e mata tudo, e os nossos politicos fazem de conta que tá tudo bem, não fazem grandes e nem pequenas aguadas
para quando as poucas chuvas chegarem armazenar as aguas
que vão embora Rio abaixo.
parabens Liliana vc. é a nossa vóz os seus relatos são excelentes e verdadeiros.
Walberto Peixinho9/03/2013 às 10:21
PARABENS A LILIANA E A MERCADO ÉTICO POR TRANSCREVER A TRISTE REALIDADE DO NOSSO SERTÃO, MAIS NÃO NOS DEIXANDO ABATER….
GRATO,
CONTINUEM COM ESTA SERIE…
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27/02/2013 17:15:10

Diário de estrada

Liliana Peixinho, especial para o Mercado Ético

Repórter percorre por dois mêses terras nordestinas flageladas pela seca / Fotos:Liliana Peixinho
Saí dia 4 de dezembro de Salvador rumo à seca do Nordeste adentro. Antes da saída, a cada mês, durante o ano de 2012, esperava as notícias de chuva. Esperançosa de que ela estivesse chegando e cheia de dificuldades para viajar num carro velho, sem estrutura e sem apoio, fui adiando a jornada. Mas chegou um dia em que juntei tudo e pensei que chegava a hora de partir. O quadro de dificuldades seria mais um combustível ao desafio de ver de perto o sofrimento de pessoas que estamos acostumados a ver somente nos noticiários, onde trilhas sonoras e imagens lembram mais a literatura e o cinema do que a realidade de vidas que sucumbem - dia a dia, hora a hora, mês a mês, ano a ano, décadas a décadas - em ciclos perversos de teste de resistência, fé e coragem para garantir a vida com a dignidade que os nordestinos aprenderam, geração a geração.
Noites de calor
A primeira parada foi na região de Senhor do Bonfim, onde tem guarida de parentes para hospedagem. A idéia era conviver com eles e como eles, sentindo, na pele, no coração e na alma, os problemas que os habitantes do sertão enfrentavam. Instalada e com as contrapartidas devidas de ajuda em alimentação e afazeres domésticos e da roça, levanto, como todos, bem cedinho, com as galinhas. Ainda bem que amanhecia, porque as noites eram difíceis pra dormir, sem ventilação, com muito calor, quartos com janelas apertadas, sem telas de proteção de mosquitos, besouros e outros insetos que sugam seu sangue a noite inteira, sem mosquiteiros e estruturas mínimas de conforto e proteção contra o calor, insetos e outros bichos, como baratas e ratos. Isso mesmo, sofri com a demora de ver o dia nascer, mesmo sabendo que não teria o direito de dormir de dia, afinal havia lançado um desafio a mim mesma: resistir, com o sofrimento coletivo.

Terra castigada pela seca no sertão nordestino / Fotos: Liliana Peixinho
Cansada, com dores e muita coisa pra ajudar o povo a fazer, não tinha como ficar na cama. Tinha mesmo era que levantar com o sol nascendo e começar a labuta: ajudar a fazer o café, beiju, cuscuz, lavar pratos, pegar água, pegar peso, cuidar de animais e crianças, tomar banho de cuia com água não limpa e super racionada. Dias como esses integraram minhas atividades cotidianas na viagem de dois meses sertão adentro, rachando o pé, queimando a pele, esquentando a molera e construindo relações.
Logo após o café da manhã, as aves vão descendo das galhas do umbuzeiro, que se espalham pelo terreiro para ciscar e furar aqui e ali, ora um umbu verde escuro, carnudo, durinho, para matar a fome; ora um outro umbu, amarelinho, molinho, suculento, para matar a sede, já que a água não está disponível em vasilhas.
Da região de Senhor do Bonfim, em lugares como Jaguarari, Igara, Umburana, Passagem Velha, Tijuaçu, Filadélfia, segui viagem rumo a Itiúba, Euclides da Cunha, Cansação, Quijingue, Cícero Dantas, Adustina. Na divisa da Bahia/Sergipe, com o carro quebrado, ajudei uma amiga que me deu guarida a dirigir seu carro até Sergipe, onde iria até a capital Aracaju fazer exames médicos. Sabendo do meu compromisso com a pauta da seca, fizemos paradas em zonas rurais, onde pude observar, conversar e fazer fotos de áreas muito degradadas pela falta de chuvas.

Zona Rural, em Euclisdes da Cunha
Na viagem de volta, fui para Adustina, onde meu carro era reparado. Então segui viagem rumo à região de Monte Santo, passando por cidades como Cícero Dantas, Cipó, Coité, Tucano, Fátima, Cansação, Pedra Vermelha e Bebedouro. Na saída de Euclides da Cunha, parei para pedir uma informação num ponto de mototaxi. Ali, uma mulher aproveitou para me perguntar: “a senhora pega passageiro, porque minha filha vai pro lado que a senhora quer ir. Aí ela já lhe ensina”. Eu, que não costumo dizer não, quando vi a mocinha de uns 17 anos com uma criança de colo, pensei comigo que seria uma boa oportunidade para ajudar alguém em necessidade. Mas lembrei do policiamento das estradas e dos problemas que poderia me causar dar carona a uma adolescente com uma criança, sem que o automóvel esteja equipado com a tal cadeirinha exigida. Foi com o coração partido que pedi perdão e respondi que sem a cadeirinha as coisas poderiam complicar, e segui viagem com o pensamento na cena deixada para trás.
Mais ou menos uma hora depois da zona urbana, já na estrada rumo a Monte Santo, depois que sai da zona rural, encontro uma senhora com uma sombrinha, cheia de sacolas. Paro o carro e pergunto:
- “Boa tarde, a senhora quer uma carona?”
- “Oh mia fia, você caiu no céu, foi? Tava aqui já passando mal, com tanto calor e peso nas mãos” – responde ela.
- “Pois então entre e vamos, que eu levo a senhora. Vai pra onde mesmo?”

Dona Vanda (de vestido listrado) mostra à repórter o relógio de água sem uso
Enquanto ela responde, tiro as sacolas de alimentos e o isopor de água do banco da frente, passando tudo para o banco de trás, bem rápido, para não empatar o trânsito. Ela entra no carro, já sorrindo de felicidade. Disse a ela que era uma jornalista pesquisando sobre a seca. Ao ouvir aquilo, a mulher, que se chamava Maria Macedo, 48 anos, começou a falar, de forma espontânea, sobre todos os problemas que vivia devido à falta d’agua.
“Temos encanamento em casa tem pouco tempo, mas, por isso, não temos direito de nos inscrever para construir a cisterna. Ficamos três meses sem água, que não cai na torneira, porque tem que ir primeiro aos outros lugares antes de chegar aqui no tanque. Pra conseguir um pouco d’água, a gente vai na cisterna do vizinho, pega 2 ou 3 baldinhos para beber e cozinhar. Para as outras coisas - lavar prato, roupa e tomar banho - a gente vai nos tanques de barro, pega uma laminha e côa num pano pra diminuir a sujeira. No dia que caiu água da torneira eu encho todas as vasilhas, panelas, baldes, caldeirões e ficamo regrando, usando só para beber e cozinhar.”
(Mercado Ético)

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26/02/2013 19:58:59

Indústria da seca, poder político e pobreza

Liliana Peixinho, especial para o Mercado Ético

Seca castiga rebanhos de gado / Fotos: Liliana Peixinho
O cenário da seca no Nordeste é de descaso, abandono e dor. As gestões municipais desconsideram estudos, previsões e diagnósticos já realizados. Resultados de pesquisas científicas, com indicadores de ciclos climáticos, servem mais para justificar a captação de recursos para elaboração de projetos e programas que não saem do papel, do que para ações reais de prevenção e cuidado com a vida. A falta de planejamento fortalece articulações políticas para a liberação de recursos emergenciais alocados em rubricas que deveriam potencializar a riqueza local para a auto-sustentação comunitária. Mas, em campo, a lógica é perversa. Parece ter sido calculada para manter sistemas que não funcionam, como a Saúde, a Educação, a Moradia e a Segurança.
A miséria é alimentada em períodos longos. Programas de benefícios de combate à fome e à miséria absoluta funcionam no curto prazo, mas ao longo dos anos os efeitos são preocupantes, pois inibem a proatividade e a sustentabilidade comunitária. O plantio diminui, os pastos aumentam, a mata some, o lixo aparece, os leitos dos rios somem e o povo, em agonia, faz de conta que vive. A informação circula rápido, de boca em boca, para cultuar valores descartáveis, incentivados por um modelo econômico que confunde crescimento com desenvolvimento a qualquer custo.
É exatamente sobre esse verdadeiro flagelo social e suas consequências que vai tratar a série de sete reportagens especiais Sertão Adentro, realizada pela jornalista e ativista Liliana Peixinho especialmente para o Mercado Ético.
Toma lá, dá cá
“Nunca vi tanto dinheiro solto como nessas eleições! Os caras chegavam era com os pacotes de mil reais, para conversar com os contatos das negociações de voto”. Ouvi essa frase de um senhor, numa conversa informal, com a cara mais cínica do mundo, sorriso largo de quem sabe que não está agindo certo, mas que parecia se justificar na máxima: “oxe, quem está melhorzinho faz assim. Por que eu ficaria de fora?”
Quem entra na conversa com discurso ético é logo cotado como besta e ingênuo. O que as pessoas dizem nas ruas é que não adianta nada pensar assim, porque se um não faz, tem outro, logo alí, já esperando a oportunidade pra fazer, pois a “necessidade é grande e os filhos, aos montes, esperam comida”.

Sobrevivendo mesmo diante das dificuldades / Foto: Liliana Peixinho
A miséria mantém seus elos com a insegurança alimentar, fome, sede, degradação de ambientes… Estão casadas com a falta de aplicação de recursos no combate aos efeitos perversos da indústria da seca. A falta de acesso à água para sanar problemas de perdas na agricultura, comércio e manter as cadeias de produção em torno da Vida é histórica e não basta denunciar, é preciso fechar o ciclo de crimes impunes.
O cidadão, que fortalece o poder político, continua sendo controlado através de contrapartidas eleitoreiras de enganação. E o Sertão é alvo histórico nesse processo. É o bolsa familia e outros sistemas de manutenção da miséria que indica a relação direta entre a falta de produção de feijão, milho, mandioca e outras culturas tradicionais de roças em cidades Nordeste adentro e afora.
“Faz mais de cinco anos que a gente não consegue mais plantar e colher como antes. Agora temos que comprar tudo na cidad:, o feijão, a farinha, o milho e até a mandioca, que a gente sempre fez a tapioca, e agora compramos o polvilho, já refinado“, diz Eroncio Porciono, pequeno agricultor de 54 anos, dois filhos, que recebe o benefício do governo e usa para comprar a cesta básica na cidade. Mesmo assim, ele tem muita dificuldade com tudo, inclusive para manter os filhos na escola, distante do local onde mora.
O Sertão está sedento de cuidados, Justiça, atenção, respeito ao seu povo. Na Bahia, por exemplo, dos 417 municípios do estado, mais da metade, cerca de 240 prefeituras, solicitaram o “decreto de estado de emergência”. Usado mais como ato político eleitoreiro, na criminosa compra de votos, do que para aquilo que o povo necessita, espera, merece e tem direito. As comunidades rurais continuam sofrendo muito com a falta d’àgua e todos os seus ciclos produtivos, interrompidos.
PERDAS EM CADEIAS
Um olhar contextualizado sertão adentro revela que a àgua é utilizada como moeda forte de troca. No curto tempo, na emergência de socorrer a vida, banaliza-se os meios políticos utilizados para, a longo prazo, aumentar o sofrimento nordestino, registrado em lentes ampliadas. Essa resistência aos efeitos negativos da seca alimenta a injeção gorda de recursos em programas como Água pra Todos, Combate à pobreza, miséria dentre outros, espalhados em Ministérios. Os desvios e desperdícios agem rápido no agravamento do quadro de miséria, capitalizado pela velha e perversa política coronelista, que só mudou de nome, como herança maldita entre gerações, de avô pra neto, de patrão para empregado, para a garantia de votos.
As perdas, essas sim, são transversais, e acumulam saldos culturais, pessoais e psicológicas, em cadeias sucessivas. Nesse cenário, mais de dois milhões de pessoas fragilizadas, sem saídas, engrossam as filas para se curvar e receber migalhas, em forma de cestas básicas, remédios, jogos de camisas de futebol, consultas médicas apressadas, para fazer de conta que cuidam da Vida, pendurada em cabides de subemprego.
O grande projeto político é a capitalização dos votos, em sistemas históricos de exploração, herdados do clientelismo, travestido em política inclusiva. Associações, sindicatos, ONGs e coletivos diversos integram um engendrado sistema de captação de recursos, construídos em representações de cargos políticos, para disputar editais forjados, processos seletivos escamoteados, contratação de consultorias técnicas, empregos/cargos arranjados por indicação, num sistema de controle total dos recursos.
O uso da água como moeda de troca é histórico. A capitalização política da miséria nordestina foi exposta por Josué de Castro como “Nordeste inventado”, na obra Geografia da Fome (Castro, 1984). Ao inserirmos a discussão sobre o acesso à água e outros direitos básicos não assegurados, a Bahia, por exemplo, se destaca entre os menores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Manifestações populares de peso como a mobilização contra projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, apoiada por ambientalistas, jornalistas, ribeirinhos, parlamentares, estudantes, igreja e representações comunitárias diversas, vindas em romarias, de todo o Brasil, em outubro de 2005, chamaram atenção internacional sobre o valor e importância da água nas comunidades historicamente excluídas desse direito.
O paradoxo entre o que se diz e que está sendo feito como discurso político empresarial e a realidade apresentada pela falta da ação concreta, in loco, não interessa detalhar, investigar e punir, para não se repetir. É nesse cenário que o sofrimento do nordestino vira tese de mestrado, doutorado, roteiro de filme, peças teatrais, letra de música, enredo de escola de samba, livros, onde a estética está mais para capitalizar a dor do que para encontrar saídas de fato.
(Mercado Ético)

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COMENTÁRIOS

Elizabeth Oliveira26/02/2013 às 21:15
Excelente texto, contextualizando uma dura realidade que vem se perpetuando historicamente, para assegurar a prosperidade de poucos, às custas da miséria e do atraso de muitos. Belo exemplo de jornalismo em profundidade. Parabéns à jornalista que produziu o conteúdo e ao Mercado Ético por abrir espaço para debate deste tema fundamental ao desenvolvimento do Brasil.
Castelini27/02/2013 às 10:58
Parabéns, pelo texto e vergonhoso ver e ler uma materia como essa, mas e a realidade, que tenho certeza que poderia ser amenizada ou acaba. Uma região como essa o que tem a oferecer aos politicos? nada?
Enquanto os politicos recebem decimo quarto e decimo quinto salario ( vergonhoso) nossos irmãos perdem o suor de anos por falta de estrutura e falta de empenho de politicos que só pensam em seus bolsos e em si próprios.
Pergunto VC já viu um politico lutar ou se empenhar em levar beneficios ou alguma estrutura para uma região desta?
Quem, Qual? deles. sabe quando isso vai acabar?
Clovis Brayner27/02/2013 às 11:19
Há uns 60 anos atrás, com poucos anos de nascido, já escutava esse tema e as possíveis promessas/soluções que nunca aconteceram, inclusive uma delas em Israel, onde a irrigação foi implantada com sucesso, isso há muitos anos…
Também ouvia sobre a indústria da seca e o processo eleitoreiro.
Acho que o problema começa no nosso povo, principalmente o nordestino, onde me incluo, que é em sua maioria desprovido de educação e cultura, trazendo por consequência acomodação em todos os sentidos.
Sobrevive porque é um forte, não sei até quando…
Exemplo recente de movimento NÃO SÉRIO e que envolve imprensa falada, escrita e televisiva: o assassinato do jovem boliviano. Se houvesse algo semelhante com relação à seca do nordeste, acredito que haveria ressonância junto aos poucos dirigentes e políticos sérios desse nosso pobre país, atingindo também a população e, quem sabe, se criaria uma Lista de Assinaturas, como a que está correndo atualmente e que já conseguiu mais de 1 milhão para excluir APENAS 1 cidadão indesejável ao povo.
ALANO BASTOS COSTA FILHO27/02/2013 às 13:23
Trabalho em um Banco de desenvolvimento regional. Apesar da realização de esforços repetitivos na tentativa de melhorar a situação encontrada nas pequenas propriedades do semiárido nordestino, com inserção de microcrédito direcionado para produção de grãos como o milho e o feijão, como também para a pecuária leiteira, sempre nos deparamos com a falta de infraestrutura hídrica e a consequente descontinuidade de projetos. Realmente a politicagem sem sentido e voraz influenciou na manutenção desse quadro de miséria. Projetos de açudagem e transposição de cursos de água sempre foram direcionados para empresários que muitas vezes nunca conheceram a realidade do sertão. Não desistamos de tentar ajudar nossos colegas do nordeste.
José Carlos Costa28/02/2013 às 10:52
Precisamos iniciar urgentemente um processo de simplificação do sistema como um todo que tenha por base a confiança!
Já percebemos que o atual sistema com alta burocracia motivada pela “desconfiança”, geradora da corrupção, da impunidade e do stress., que alimentam o medo e a violência.
Deveria haver um compromisso dos politicos nordestinos com a solução da seca… Eles é que deveriam fazer esse tipo de trabalho, percorrendo por meses essas regiões até ver os resultados do seu trabalho.
Precisamos simplificar o sistema judiciário, o executivo e o legislativo. Acredito que com isso não vamos precisar de tantos senadores, deputados e vereadores recebendo altos salários e benesses ultrajantes.
QUEM LEVANTA ESSA BANDEIRA?